O dia do balão

Fazia tempo que eu queria voar de balão. Sempre achei bacana esse negócio de voar. Ver a cidade ou outros lugares lá de cima… tudo tão pequeno…

Com avião é legal, mas ele passa muito rápido, e nem dá pra apreciar. Quando fui ao Terraço Itália, pude observar São Paulo lá do alto, e sem a velocidade do avião… foi uma das coisas mais lindas que já vi, essa cidade tão grande, parecer tão pequena na vitrine envidraçada do Terraço…

Mas eu queria o meio termo. Voar, mas não tão rápido. E ver os lugares sem a vitrine envidraçada de um prédio alto. Eu queria voar num balão.

Imaginava que seria silencioso. Na verdade o balão nem é tão silencioso assim. O fogo que aquece o ar faz um barulho que às vezes assusta. Também assusta quando vemos o balão tomar corpo, com o ar que vai esquentando. E de repente, ele está montado e precisamos entrar na cesta rapidamente.

Pule! Rápido! Já vamos subir!

Nem tive tempo de ver o balão cheio direito. Corri pra cesta e pulei pra dentro, meio atrapalhada. Em poucos minutos, soltaram o balão. E ele vai para o alto com a leveza daquela bexiga de gás hélio que você soltou quando era criança.

Logo, já tínhamos ultrapassado os cem metros. Ouvi alguém dizer que chegamos a dois mil pés. Mas não fazia frio. O fogo que fazia o balão subir nos aquecia também. Além disso, o dia estava claro, e apesar do vento na superfície, lá em cima estava um clima muito gostoso.

O hotel de onde saiu o balão ficou pequeno e para trás. Minha vista já nem o alcançava mais, então procurei outras paisagens. Entre Boituva, Sorocaba e Tatuí, vimos as pastagens com búfalos, as plantações, o rio que divide as cidades, o tuiuiú querido do baloeiro. Às vezes, o voo era alto, noutras, quase esbarrávamos nas árvores e atiçávamos o lado protetor dos cachorros, que saíam latindo como aqueles que correm atrás de carros.

O voo era suave. Sem balanço, sem correria. A luz clara da manhã também ajudava a dar essa impressão. Também o baloeiro, ao nosso lado, nos passava tranquilidade. Controlando o fogo, verificando o vento, olhando os medidores, falando com o pessoal que estava em terra pelo rádio.

Cerca de 45 minutos depois, fizemos um pouso preciso, em cima do carrinho que levaria a cesta do balão de volta à cidade.  A volta foi por terra mesmo, na caminhonete que puxava a cesta. Numa tranquilidade, numa alegria calma. Naquele dia claro, depois da viagem gostosa. No dia do balão.

Sandra Oliveira

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