Mariana não é Ouro Preto. Ouro Preto não é Mariana.
Ouro Preto, popular. Mariana… caseira, silenciosa.
Ouro Preto, tantas ladeiras. Mariana, nem tantas assim.
Mariana, quase natural.
Te aprendi, Mariana, em alguns dias … costumo permanecer dias em lugares onde os turistas passam horas, meia hora, um quarto de hora.
E, Mariana, você era minha.
Na sua Rua Direita – turística, sim e não – caminhei. Cheguei até a Igreja da Sé que não era igual à Catedral que conhecia. Finquei-me longos minutos frente ao seu quebra-vento. Olhava, mirava… muito, muito pausadamente… Quanto sentido há na existência de um quebra-vento!
Mas eu tinha – << tinha!!, segundo padrões ocidentais>> que prosseguir. Continuar, ir adentro, ultrapassar, prosseguir, desvendar.
Paguei 2 reais. Entrei na sua Sé. E quase … não, quase não… Gritei. Por dentro, pelos poros, pela minha respiração, com minha voz.
Coisas que não são cotidianas. Mariana, você não é cotidiana. Mariana não pode ser cotidiana. Ah, aquelas paredes, suas paredes… não as posso revelar porque elas me disseram coisas que não posso partilhar.
Mariana, Mariana, Mariana…Sussurra-me….
Raquel Foresti
Ah, Mariana é realmente linda. Faz muito tempo que estive por lá e não fiz essa diferenciação toda. O final de semana estava chuvoso quase o tempo todo, então não havia turistas aos montes perambulando por lá. Mas havia uma coisa em Mariana que fez toda a diferença em minha viagem. Havia um órgão na Sé. E havia uma organista.
É, naquele órgão havia um som único, de passado presente.
Maravilhoso. O som barroco naquelas paredes era incrível… voltando ao texto O Barroco e o leite derramado, o barroco é estonteante. O som e a arquitetura numa sinestesia.
Outra coisa que gostei do seu texto foi a questão do quebra-vento. Também adoro esses elementos de passagem, como portas e janelas. Paro, admiro, vejo os detalhes, viajo na contemplação, fotografo-os.
E há lugares que também me dizem segredos que não podemos revelar…
Já ir no Museu de Arte Sacra tira o fôlego… mas, claro, o barroco fora de seu contexto, em meio à paredes brancas, perde seu impacto. A gente precisa de tudo, a gente precisa das paredes….
Adorei Raqs! Parabéns lindo texto!
Muito legal, Ótimo texto Raquel!